29 de janeiro de 2008

QUE A AMARGURA DA INGRATIDÃO NÃO ENTRE EM VOCÊ!

Por Caio Fábio


Quem quer que ajude outro na esperança de que isto lhe será crédito de gratidão no coração ajudado, muito se frustrará; pois, quando a alma do ajudado é doente de amargura, inveja e déficit de amor, toda ajuda será humilhante, mesmo que a pessoa peça e agradeça, posto que no dia em que você não esperar [possivelmente em dia de necessidade sua], tal ou tais pessoas se levantarão contra você quase que com certeza.

Somente recebem ajuda como ajuda e com alegria grata os que tiverem entendido o espírito da Graça de Deus no Evangelho, ou aqueles que forem também capazes de, amando, fazerem a mesma coisa por outros, e sem esperar recompensa.

Todo ajuda que espere recompensa, ou que seja feita ao que a recebendo se sinta endividado ao que o ajudou, produzirá um espírito perverso. Acerca de tal espírito se teria que perguntar à pessoa amargurada pela bem recebido: “Por que a minha ajuda fez você me odiar tanto?” — Porém, se assim você fizer perderá toda razão e será odiado com “justa causa” pelo amargurado.

Entretanto, é bom que se diga que há pessoas que somente ajudam se o ajudado ficar se sentindo em débito. Nesse caso, tanto ajudador quando ajudado se merecem na amargura de dar e de receber.

Só vale a pena ajudar as pessoas se elas, à semelhança da recomendada ignorância de minha mão esquerda em relação ao que faz a direita, não sentir que o que recebeu ficou como crédito para o que ajudou, posto que o ajudador tenha se esquecido do bem como “bem” e dele só tenha a memória da alegria de ter podido ajudar.

Em geral a pessoa que mais odeia uma outra é a que foi muito ajudada; e, como disse, isso pode acontecer apenas em razão do espírito amargo de quem recebeu. Porém, entre essas pessoas encontram-se também as que se sentem ofendidas pelo referencial de vida e coração de quem ajudou, ainda que também possam se sentir mal por causa de simples inveja; ou mesmo em razão de se sentirem diminuídas pela necessidade de necessitar de ajuda.

Ora, apesar desses riscos estarem presentes em toda ação de ajuda, a recomendação do Evangelho é para se faça o bem sem esperar recompensa, sem fazer o outro sentir-se endividado, e sem “empréstimo”, pois, o ato de ajudar deve libertar o outro e não mantê-lo preso à “gratidão dos amargurados”, que é ódio.

Se eu fosse parar de fazer as coisas em razão do troco de amargura que posso receber [e já recebi aos milhares], há muito que minhas mãos teriam secado quanto a terem vitalidade para ajudar.

Por isso se diz: “Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem”.

Se você não sabe por que aqueles que você mais ajuda parecem ser os que menos olham para você com amor, então fique sabendo: pode ser assim mesmo, mas com você não tem que ser assim.

Nele, que nos ama doentes como somos,


Caio

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