27 de maio de 2007

Um instante mágico

Eu nunca antes em toda a minha vida com Deus tive tanta liberdade e alegria em anunciar o Evangelho.

A minha falta de critério religioso sempre causou perturbação a quem me ouvia desde o dia em que eu decidi me unir à uma igreja por terem me dito que somente ali eu podia aceitar a Jesus como Salvador e eu acreditei.

Naquela noite uma irmã chegou para mim, estendeu a sua mão e me disse:

- A Paz do Senhor.

E eu:

- A paz da senhora.

Ali começou a tentativa debalde, inútil, de me catequizar. Era complicar demais algo que na minha alma era absolutamente simples. E foi assim por 25 anos. Reuniões e mais reuniões em comissões de disciplina para me colocar no eixo e não conseguiam, pois eu também não conseguia, nunca, enxergar esse eixo para me enquadrar.

Pela primeira vez na minha vida eu não sou cobrado a nada. Nem a ir pregar e nem a não ir.

Pela primeira vez na minha vida ninguém precisa passar para mim o escopo, o programa, a fórmula do que e de como. Sinto apenas a total liberdade de ser feliz em Jesus Cristo que transborda em convivência sadia para com todos os que me rodeiam.

A única cobrança que sinto hoje sobre mim é a dos irmãos que me amam e pedem para eu ir mais devagar por causa da minha saúde. A preocupação não é com o que eu prego ou deixo de pregar. A preocupação é com a minha saúde. Me amam tanto que não querem me ver sofrendo.

Estou, por exemplo, agora em casa, oito e vinte da manhã, tomando café com leite e um suco de laranja no escritório improvisado no quarto do meu filho (coitado), ouvindo Tom Jobim (eu era proibido de ouvir Tom Jobim!) e, numa paz imensa, eu resolvi contar isso para todos vocês que quiserem ler.

Eu hoje vou a Goiânia pregar à noite. E a minha alma nem está aflita pois ontem ao acordar a mensagem brotou em meu coração como um rio e eu fiquei ontem o dia inteiro pregando ela na minha alma. Acordei hoje feliz pois às sete e meia da manhã eu despertei completamente descansado. As dores fizeram com que o meu fuso horário se igualasse ao da Austrália e eu não conseguia colocá-lo no azimute de Brasília.

Assim, sem angústia, pela primeira vez na minha existência eu posso estar falando tudo isso, eu posso me colocar diante de todos em perfeito conforto sem a neurose de pesar muito bem tudo o que eu vou dizer, pois poderá ser usado contra mim.

A minha ambiência não é mais a moral e ética. Não existe mais ambiência. Somente liberdade Nele. E, por ser livre Nele, Ele o é em mim, também. E nesses quase dois anos convivendo com o Caio, no Caminho (com “C” maiúsculo), com os irmãos no caminho que se caminha juntos, foi quando eu realmente pude observar em mim um imenso crescimento espiritual, pois nas ambiências evangélicas toda a luta era para me diminuir, para me enquadrar.

E eu repetia na minha alma, como resposta a isso, uma frase de Guimarães Rosa: “Não me venha com ‘loxias’ pois conselho que eu não entendo, para mim é agouro”.

Eu precisei ouvir três vezes para acreditar que era real a liberdade que agora eu tenho diante de todos de ser Nele. Apenas isso.

Ouvi três vezes quando eu perguntei ao Caio o que ele queria que eu pregasse, a seguinte resposta: “Fala de Jesus, Fonseca”.

Três vezes a mesma resposta. Não pergunto mais. Eu vou ouvir a mesma resposta, rsrs.

Pronto. Não tem mais padrão. O padrão é apenas pregar o que Jesus é em mim e eu Nele. Mesmo ouvindo Tom Jobim. Mesmo que no instante em que eu estiver pregando, a música divina que está na minha alma seja “MONTE CASTELO” do Legião Urbana. E será assim apenas porque é assim.

E todos os que NÃO são de igreja, mas gostam de “MONTE CASTELO” vão se converter ao Senhor Jesus, caso passem pela minha existência. Assim se dará, também, com quem ama Vinícius de Moraes, Toquinho, Tom Jobim, The Beatles, Mozart, Beethoven, Carl Off – sim, até os cantos profanos “Carmina Burana” é ouvido por mim como algo divino - , café com leite, amigos bebendo de bem com a vida, assentar-se e jogar-conversa-fora, ser, enfim, feliz.

Até quem é evangélico.

Basta querer e ser feliz. Pois vem os anos dos quais eu não terei mais neles contentamento. E o tempo de abraçar, de cantar, de ser feliz será um passado que eu vivi e não um passado desperdiçado nas tormentas de agredir a minha própria alma e me enquadrar nos padrões evangélicos de falsa santidade para os quais eu não nasci e para os quais Deus não me chamou para viver.

Bom, é só isso.

Só queria repartir com todos vocês esse instante mágico que estou atravessando.

Abração.


Fonseca.

1 comentários:

Anônimo disse...

Boa noite Fonseca.
Primeiramente me apresento, sou ANNA MARIA, mãe do Chico (mentor de BH).Graça e Paz!
Amei essa mensagem pois falou muito no meu coração.Tenho apenas 8 anos de convertida e para você ter uma idéia eu me converti na Batista da Lagoinha e na primeira semana de convertida eu já tinha feito uma limpa total nos meus livros(quemei),nos discos que amava,em fotos da igreja católica,etc...Por aí você pode tirar uma idéia de como ficou a minha cabeça. Tenho acompanhado o Chico desde que iniciou da Estação aqui em BH e hoje posso dizer que estou liberta de tudo aquilo que impuseram na minha mente.
Quero, de coração, agradecer pelas palavras desta mensagem, pois hoje sei que nunca estive sem Jesus,nem nos meus 50 anos de catolicismo.Ele sempre me acompanhou, a mim e a meu esposo que perdi a 1 ano e meio.Ele faleceu católico e tenho certeza que o Pai o recebeu de Braços abertos.
Com carinho,receba um beijo afetuoso e um abraço fraterno. Anna Maria

 
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